CONSIDERAÇÕES SOBRE O NADA

Desde que amanheceu

Que as nuvens se espalham

E o que as move senão o vento?

E o que é o vento?

Alguém pode dizer?

Pode vê-lo?

Desenhá-lo?

O vento é o Nada.

O horizonte pode ser alcançado?

Existe ou não?

Quem garante?

O horizonte é o Nada.

A vida

É o que além de conceitos?

Palavras que interferem na ordem?

Ir e vir alucinadamente?

Sem os seres, existe vida?

A vida é o Nada.

A beleza

Está no que é observado

Ou nos olhos de quem observa?

Não é contraditório o ser belo?

A beleza não é unânime

Não é palpável, concreta

A beleza é o Nada.

Quando você dorme e sonha

Os sonhos são acontecimentos

Ou apenas uma representação de vontades e medos?

Os sonhos são instantes organizados

Ou lacunas na memória?

Os sonhos são o Nada.

A noite está cheia de fantasmas

E fantasmas são miragens no coração dos loucos

A noite existe com seus fantasmas?

A noite, os fantasmas são o Nada.

Ouço bater na porta, mas ao abrir

Não há ninguém

Só um vento que sopra sem vontade

O nada é o tempo

É o momento

É a saudade, a solidão

É tua voz, o teu sorriso

O teu amor, nada.

João Barros
Enviado por João Barros em 01/02/2019
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