CONSIDERAÇÕES SOBRE O NADA
Desde que amanheceu
Que as nuvens se espalham
E o que as move senão o vento?
E o que é o vento?
Alguém pode dizer?
Pode vê-lo?
Desenhá-lo?
O vento é o Nada.
O horizonte pode ser alcançado?
Existe ou não?
Quem garante?
O horizonte é o Nada.
A vida
É o que além de conceitos?
Palavras que interferem na ordem?
Ir e vir alucinadamente?
Sem os seres, existe vida?
A vida é o Nada.
A beleza
Está no que é observado
Ou nos olhos de quem observa?
Não é contraditório o ser belo?
A beleza não é unânime
Não é palpável, concreta
A beleza é o Nada.
Quando você dorme e sonha
Os sonhos são acontecimentos
Ou apenas uma representação de vontades e medos?
Os sonhos são instantes organizados
Ou lacunas na memória?
Os sonhos são o Nada.
A noite está cheia de fantasmas
E fantasmas são miragens no coração dos loucos
A noite existe com seus fantasmas?
A noite, os fantasmas são o Nada.
Ouço bater na porta, mas ao abrir
Não há ninguém
Só um vento que sopra sem vontade
O nada é o tempo
É o momento
É a saudade, a solidão
É tua voz, o teu sorriso
O teu amor, nada.