Um pássaro a migrar

Meu amor é um pássaro a migrar

Singrando rajadas de vento

Molhado da chuva gelada

Secando-se ao sol dos crepúsculos

Mas ele almeja também

O leito cálido à noite

O cálice da tua boca

As plumas dos teus abraços

Os beijos ensangüentados

Os lábios que exalam vapores

O fogo, onde forjam-se amores

A pira que expira os pecados

E, na alma talhada em deleite,

No vácuo, onde o amor se recria

Tragados dos braços da noite

No açoite da luz que traz dia

Riscamos o céu novamente

Driblando as nuvens plangentes

Trajados de plumas brilhantes

Eivados de um ar inocente

Perdidos... no espaço infinito

Tocamos Deus... com nosso bico

D.S.