JOAN BAEZ (E OS ESPASMOS DO JOVEM SÓ)

Eu olho para as teias de aranha dessa casa...

Percebo a solidão de um violão indiferente...

Nos meus pés feridas abertas pela ansiedade...

Pois, a luz do sol não quer deixar mais eu dormir...

São oito e cinquenta e três do pesadelo do destino...

Um terço na parede e minha falta de fé constante...

Um palito na boca sendo mastigado pelo ódio...

E vozes do passado a induzir-me ao descanso eterno...

Pois, a beleza da vida consiste em ouvir Joan Baez...

Onde tantas tristezas resultarão em um furacão?

Onde este mesmo furacão falará apenas amor!?

Estou nu diante das estrelas solitárias no espaço...

Arrepia saber que mesmo numa lágrima a canção flui...

Estou deitado num retalho de mosto e veneno...

Não sei o que quero... quero uma aventura florida...

Diante desse ocaso e de núvens que arrebatam meu eu...

São esperanças da régia cadência a certeza deste mal...

Estou cheio de moscas... estou cheio de baratas... estou,

Meu corpo tem feridas e a aura da preguiça me atola...

Num buraco de trevas e vontade de sumir me resta; Joan,

Sou um homem... mas também sou um desesperado...

Sou uma aventura de mim mesmo... perdido e falido...

Pois, na parede que se me apresenta arrebata-me o fim...

Quando a canção de Joan Baez será ouvida aos prantos?

Um violão que dedilha minha depressão... Depressão; nó

Depressão que me atina aos arroubos da quimera bestial

Sou aquela planta seca nas atmosferas da apoteose...

Nessa poesia de macabra ansiedade das macabras luzes

Dançando aos seios arfantes de Joan Baez nua pra mim

Aos beijos da ilusão de Joan Baez cantando melancólica

Sou eu que me desbravo nas sensações de medo e dó...

Perdido nas luminárias dos neurônios nervosos do amor

Perdido em vã quimera de incerteza da atroz poesia suja

Penetrando o sexo da terra e gozando a infernal danação

Sou os espectros da longínqua vitimização do passado...

No inferno de pensamentos que rejeitam o Deus sublime

Na verdade os mesmos desejos egoístas criarão o fim...

Pois, ao ouvir Joan Baez na janela de minh'alma eu sofro.

Cantem que haverá uma canção de gozos eternos...

Cantem que Ulisses verá pela última vez a Ítaca da bruma

Sou um homem que viaja em caminhos do orgulho rude

E apresentando no altar do sagrado dos Deuses; Joan...

Na vida ou se bebe o sangue das labutas ou o pus da fé

Na morte ou se roga pela certeza do nada ou o fim frio...

Na caminhada da vida existe esperança, mas em nós ego

Ou se busca a felicidade sendo javali selvagem ou fome.

Ó Joan Baez eu sei que essa poesia na taça tem sangue

O sangue criou o medo de desesperança ordinária e suja

Pois, os navegantes do meu coração fez de mim oceano

E esse oceano em tão bela ladroagem fez arriscar a morte

E pensando bem o céu poderia ser de putas e fornicação

E pensando bem o Paraíso poderia ser um eterno suicídio

E pensando bem o inferno poderia ser uma mansão de...

Pois, o purgatório engolido por minhas imaginações caíu

Sou um poeta perdido na alfândega das libações de Satã

Donde anjos e demônios se divertem com a fraqueza...

Onde encontrar um labirinto de rosas?

Onde o antropomórfico dos Deuses verá a luz de cálices?

Quando as tristezas de uma alma infernal triunfará?

Sou as tristezas de menino amalgado nos enlaces do afã

Dedilhando cordas do violão solitário musicado por Deus

Ó Joan Baez quando eu verei as luzes da fantasia algoz?

Ó morte! Ó quimera da mente! Ó medo das amarras!

Ó albatroz dos sete céus! Ó pavão dos três céus! Ó corvo!

Nessa adunca face do destino uns morrem e outros...

Nessa incerteza da famigerada sorte dentre carroceis...

Só os que foram provados pelas lágrimas verão êxtases...

Na parede da minha casa tem ratos e aranhas...

No meu rosto tem feridas e machucados do espírito...

Nos meus rins formigas deglutem o pó das amarguras...

E meu violão é deflagrado um assassino dos sonhos...

Teias de aranhas... ratos podres e encarniçados... Poeira

São os astros da famigerada e macambúzia Joan Baez...

São transas e orgias com o pensamento dos anjos sós...

Dentre anjos e mortos o único que me inspira é o ego...

Pois, a vida termina de uma hora pra outra restando ais...

Transe com Joan Baez ó Pã dos jardins e goze estrelas...

Portanto, não mais haverá só lembranças, mas sangue...

E quando a última menstruação da depressão cessar

haverá almas novamente na puberdade do sofrimento...