Nordeste

No riacho Maçayó nasci chorando

Ledo menino no paraíso, Lêdo Ivo

empolgado um Verso Íntimo recitando.

Água corre, há lagoas nos olhos

A Saudade de Jorge de Lima

nos Passos de Guimarães aos molhos...

Quebrando ângulos do que restamos

a política apoética matando a literatura pura..

Cadê o mestre Graciliano Ramos?

São tempos insanos de poetas raros

drogas acessíveis na TV Aberta e livros caros.

Poetas são Águas Passadas; a euforia imensa

não te faz se perguntar como

Costa Rego perseguiu a imprensa?

Tempos modernos e obscuros num dístico

o Brasil atual é O Grande Circo Místico.

Eu poderia ter sido jogador de futebol

mas os sinais me confundiram como Djavan

e sem saber o que fazer, pele queimando no sol

decidi escrever hoje o que serei amanhã.

São Dias sombrios mas sóbrio eu me lembro

que há sabiás cantando nas palmeiras lá fora.

Teu preconceito nojento com Nordestinos é membro

dos vermes que comem a carne mas não a memória;

Não há glória nele, nem humildade para aceitar

que o Nordeste é arte, é cultura; é mais que um lugar.

Gustavo Valério Ferreira
Enviado por Gustavo Valério Ferreira em 27/01/2019
Reeditado em 28/01/2019
Código do texto: T6560980
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