ALMAS ANTIGAS
I
À esquerda, vejo sangue
À direita, nada vejo
À espreita no mangue
Se esconde um carangueijo
II
Abaixo, vejo morte
Acima, devastação
Ao relento da sorte
Bate forte um coração
III
Fora, vejo desprezo
Dentro, confusão
Nas costas levo o peso
Do anel da perdição
IV
Além, vejo esperança
Sempre aquém da solução
Vejo impulsos de vingança
E a cruz, sob o caos da emoção
V
Caindo e subindo em espiral
Entre o céu e o inferno
Dentro e fora, o bem e o mal
Num impasse, ciclo eterno
VI
Por princípios, vejo o fim
No fim, vejo o princípio
Do começo até o fim
Um presente em particípio
VII
Na estrada, vejo mil caminhos
No labirinto, mil prisões
Nunca vi ninguém sozinho
Nem nas grandes solidões
VIII
Ninguém faz nada sozinho
Nada se constrói só
Na dança em redemoinho
Da energia com o pó
IX
Na vida, vejo a morte
Na morte, a vida
O tempo é só um corte
D'uma alma dividida
X
Por fim, tudo se perde
Com o fim de se encontrar
Ao centro, a si, converge
A alma que se completar
XI
Almas antigas
Almas divididas
Na corrente onde se liga
Pagamento e dívida