MARDINHO E BRUMARANA

MARDINHO OU BRUMARANA

Estalo repentino desceu a ladeira

Corredeira do rio cheio de lama

Pesadelos iguais em cada cama

Ruas abaixo escorre tristeza rotineira

Mortos quantos sonhos de felicidade

Resta o nada atrás segue a saudade

Sumiu o parceiro do café da manhã

As paredes da sala feito um tobogã

A mesa, o fogão, o carnê da geladeira

Rolaram correnteza em parafuso

Sem fim a dor do sobrevivente confuso

Fora do combinado a derradeira viagem

Sem despedida, nem tempo pra saideira

Vale despenca destaca a televisão

Chama a manchete da reportagem

Primeira página minutinho de fama

Amanhã breve lembrança sem novidade

Esquecida num canto da memória

Depois da missa, discussão na justiça

E a tragédia enterrada

De tempos em tempos repete-se a história

Sem sirene disparada

Estalo repentino

Rola o morro outra Barragem...

Muda o nome da cidade

A última foi Mardinho...

Ou Brumarana?

Se a memória não me engana...

Foi... Espirito Santo de Minas...

Barro descendo morro

Pais, mães, meninos, meninas

Silentes os gritos de socorro

Lágrimas secarão ao chão

Sem qualquer solução

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 26/01/2019
Código do texto: T6559928
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