EM VIRTUDE DESSA “LÔKA” JUVENTUDE

Quando juntavam todas as

crianças da "Turma C”, no meio do pátio,

em frente as suas mães chorosas...

Pra que cantássemos "Aquarela" de Vinicius de Moraes...

Eu sentia preguiça... e uma genuína falta de coragem,

que vinha bem de dentro...

E pensava em como era HORRÍVEL, pra mim...

ser ainda uma criança.

Quando eu estava numa festa de pagode

rodeado de adolescentes dançando

e querendo..., e também conseguindo

Aprender a dançar bem...uma merda dum ritmo

que, na verdade, eu detestava.

Só para poder fazer "Parte da turma"...

E tentar afinal beijar, e namorar alguém...

Eu sentia muita, muita preguiça...

e uma apatia, advinda da conclusão

... de que era horrível, pra mim

ser ainda adolescente.

E a música de Vinicius misturou-se

em minha cabeça...

mesclada à um cavaquinho,

misturada com todo o grito histérico dos tipinhos

que se viam... e iam e vinham, por ali.

Quando eu estava de mãos dadas

com alguma garota imbecil,

tocando e ouvindo heavy metal...

ou cambaleando e zanzando,

bêbado para cacete e pensando

em vomitar quando conseguisse

sair à “francesinha”...

Quando entrei na porra dum ônibus

lotado de gente que tinha que chegar

sempre cedo em algum lugar...

enquanto eu tinha faculdade... mas não ia.

E era vagabundo, vagando no maldito mundo.

Quando, eu pensava que era quaaaase bom...

ser QUASE adulto, e ao mesmo tempo,

não conseguindo ver nenhum propósito, em mim.

E de repente o som de todas as bandas de rock

ecoaram pelo Rio Vermelho, e elas cantaram

a maldita música de Vinicius e Toquinho

em ritmo de axé... de frevo... e de pagode.

e o meu juízo derretido... seguiu a vida, voando...

E contornando a imensa curva [de misérias], ao norte e sul.

Quando minha loucura seguiu-se, serena, indo

Minha vontade de viver pousava

em um poema sem rima... e IMENSO, que: resumindo...

eu mando todo esse clichê ..

tomar no cu.