Coração de palavras

O silêncio fora,

Desde o princípio,

Uma promessa

Feita para ser

Descumprida da

Mais fútil das maneiras.

Entre papéis amassados,

Confissões jogadas fora,

Versos dedicados ao remorso

Que traz o mais vazio

Dos sentimentos alheios.

Foram palavras,

Apenas palavras,

Nada além de palavras.

Nada fora pensado,

Nada fora dito,

E certamente

Nada fora feito

Quando a tempestade

Das consequências evitadas

Fora desencadeada

No momento de maior fragilidade.

E agora murcha

As flores da inocência,

Ingenuidade e esperança

Que foram as mentiras

Que mais tiraram-me

A sensação de perda

Quando tudo foi tirado

Em questão de segundos

Que se repetem infinitamente

Enquanto o agora continua

Em uma desenfreada moção.

E ainda assim,

Continuam sendo palavras

Ecoando de novo e de novo

Entre várias outras mesmas.

Como um batimento cardíaco

O qual dependo para cumprir

A mais árdua sobrevivência,

Seu eco deixa-me vivo

A preço de minha liberdade.

Recompensa-me com

Uma realização,

Uma efêmera finalidade

Que dá a mim

A ilusão de que

O necessário fora feito

E não há nada mais

Para se alarmar.

E quando tudo,

Se possível,

Estiver acabado;

Terei de voltar

Ao lugar que fugi,

Riscar minha despedida

E marcar minha sentença perpétua.

E continuarei voltando

Para tudo o que abandonei,

Tangendo o círculo perfeito

Para se tornar um espiral sem fim,

E quando isso acontecer,

Eu voltarei novamente.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 24/01/2019
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