Coração de palavras
O silêncio fora,
Desde o princípio,
Uma promessa
Feita para ser
Descumprida da
Mais fútil das maneiras.
Entre papéis amassados,
Confissões jogadas fora,
Versos dedicados ao remorso
Que traz o mais vazio
Dos sentimentos alheios.
Foram palavras,
Apenas palavras,
Nada além de palavras.
Nada fora pensado,
Nada fora dito,
E certamente
Nada fora feito
Quando a tempestade
Das consequências evitadas
Fora desencadeada
No momento de maior fragilidade.
E agora murcha
As flores da inocência,
Ingenuidade e esperança
Que foram as mentiras
Que mais tiraram-me
A sensação de perda
Quando tudo foi tirado
Em questão de segundos
Que se repetem infinitamente
Enquanto o agora continua
Em uma desenfreada moção.
E ainda assim,
Continuam sendo palavras
Ecoando de novo e de novo
Entre várias outras mesmas.
Como um batimento cardíaco
O qual dependo para cumprir
A mais árdua sobrevivência,
Seu eco deixa-me vivo
A preço de minha liberdade.
Recompensa-me com
Uma realização,
Uma efêmera finalidade
Que dá a mim
A ilusão de que
O necessário fora feito
E não há nada mais
Para se alarmar.
E quando tudo,
Se possível,
Estiver acabado;
Terei de voltar
Ao lugar que fugi,
Riscar minha despedida
E marcar minha sentença perpétua.
E continuarei voltando
Para tudo o que abandonei,
Tangendo o círculo perfeito
Para se tornar um espiral sem fim,
E quando isso acontecer,
Eu voltarei novamente.