A Corte Marcial /Lei Escravos

Admitamos ainda não sabermos quem eles são/

Mostram pra nós, dos bastidores só as versões/

Fazem-nos segui-los pelas ruas/

Com suas modas e manias/

Com camisas e bandeiras/

Nos palanques e nas ideologias/

Sem sequer reconhecermos os seus erros/

Ainda não aprendemos/

Num tempo fomos verdes e amarelos/

Chegamos a acreditar nos vermelhos/

Agora somos verdes/

Mas o que ainda está em voga é a falta de água e a miséria/

Os muitos ignorantes/

O gemer dia a dia das nossas crianças com fomes/

A nossa indiferença e falta de responsabilidade social/

Mas o que ainda está em voga em nosso solo/

É bom que se diga/

Nosso solo rico/

São o sangue, de jovens morrendo sem a chance de se tornar velhos/

Casas e direitos desrespeitados/

Mortes e discriminações impunes/

Milhões de desempregados/

Violência e um complexo confuso de ideias absurdas/

Falta de autocontrole, de identidade e um vício fanático cancerígeno e sem precedente pela soma de bens à custa do arado alheio/

Mesmo que eu quisesse aliar-me a vocês/

Me sentiria um acéfalo/

Por não entender, entre tantos sins e nãos/

Entre muros, falácias e notícias que servem pra desinformar/

Qual caminho tomar/

Qual verdade aceitar/

Se ainda vivo, mesmo confuso, não desisto/

Procuro nesse escuro, um país pra amar/

Mas se pararmos na faixa, antes de seguir no semáforo aberto/

Talvez consigamos ver/

Que eu e você, dos senhores dos capitais, reis, clero e etc. e tal,

Não passamos de povo/

Tipo, onde as esperanças a base de tanta penúria/

São capitalizadas pelas suas angústias e fraquezas/

Mas temos que levantar/

Ver o horizonte outra vez/

Porque o quintal é nosso/

E os filhos que choramos da morte, se lapidados antes, serão as luzes do amanhã/

A menos que já como operários nos permitamos ainda morrer num Brasil Colônia/

Ou será, que em cada aurora/

As nossas forças e a nossa essência, como a luz desse sol nasce/

Vem como um castigo eterno, pelo crime da ignorância, ou da omissão/

E só sirva pra não cansarmos de chorar, morrer e sofrer a cada dia/

Como oriundos de Proteus/