AS DORES DA ESCRAVIDÃO

As Dores da Escravidão

Mercêdes Pordeus

Recife/Brasil

Eles vieram de tão longe, traziam consigo o medo,

As incertezas eram suas companheiras desde cedo.

Traziam o sofrimento antecipado dos seus receios

E as dores dos açoites, que já sentiam nos navios.

Mal chegavam, já eram analisados como animais,

Vendidos como meras mercadorias, artigos banais.

Trabalhavam duro e sofriam o peso da escravidão,

A cada chicotada e a cada açoite, a dor da solidão.

A cada ano as esperanças da liberdade se dissipavam,

Os seus filhos nasciam e naquele regime continuavam.

Enquanto os mais velhos as dores do flagelo sofriam,

Os ecos da noite nos traziam os sons dos que gemiam.

Ao longe era refletida desses ecos a repercussão

E o reflexo do som trazia a forte dor da servidão.

Pelo negro, no nosso país, através da escravidão

De terras longínquas a saudade do seu natal torrão.

Mais navios negreiros que aportavam e a história se repetia

Movimentos no Brasil a escravidão, aos poucos, se extinguia.

Castro Alves o poeta abolicionista que os seus ideais escrevia,

Vozes da África, Navio Negreiro, Os Escravos, primeira poesia.

O poeta abolicionista marcou época com sua primeira poesia

Mais um nordestino que com força e garra, nascido na Bahia,

Seus estudos de Direito na Faculdade de Recife realizaria

E o seu grande apogeu no Rio de Janeiro, ele consolidaria.

Vinte anos se passaram após a morte do grande Poeta

Para se realizar seu almejado sonho, seu grito de alerta,

Decretada extinta a escravidão e o grande Brasil desperta

Na Lei Áurea está implícita a nobreza da alma do poeta.

26.12.2005

- Diploma e Menção Honrosa em Poesia, concedido pela APALA - Academia Pan-Americana de Letras e Artes - IX Concurso de Poesia Falada - Tema Ecos da Noite * Medalha Castro Alves (26/04/2006).

Mercedes Pordeus
Enviado por Mercedes Pordeus em 17/09/2007
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