Um tempo distante
 
Gosto das vidas achadas
No sulco das palavras abertas
Que escorrem na parede rala da alma
Para implodir o pranto num fio de lágrima
 
Em pleno silêncio ouço o fado cantado
E danço só para alargar a minha solitude
Que rabisca a pele na retina da luz
Deixando a minha consciência em tráfego
 
Fingindo cercar o que sempre escapa
Sou contra o que aparece no espelho inverso
Arrepio-me no silêncio da visão nua e descrita
Vejo todos os desgostos que atravessam a rua
 
Também troco a vertigem da moldura
Sobre todos os prantos caídos do meu signo
Jogo fora a energia que desfigura o tempo
Para adestrar o meu no sentido estático
 
Um passo à frente e já estou em outro lugar
Quero experimentar um novo tempo
Vivo a vida receando qualquer vanguarda
Que lateja no silêncio de um tempo distante




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Gernaide Cezar
Enviado por Gernaide Cezar em 21/01/2019
Reeditado em 26/01/2019
Código do texto: T6555661
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