Morte à poesia
A tevê anuncia:
Decreto assinado diz:
"Morte à poesia!".
Com a posse de arma
A lei muda a cidadania:
"Amai-vos uns aos outros"
Passa a ser utopia!
Armai-vos sem remorsos
Deixa de moleza,
compra seu troco
Seja blindado, porque cidadão de bem
É aquele que vai estar armado!
Não importa o sangue que corra
Porque o crime não perdoa
E bandido bom, é bandido que se acoa
No foro privilegiado!
Tá ligado, mané?!
Otário, de má-fé, manipulado...
O decreto diz, foi dito na tevê
"Presidente assina proposta
De campanha,
Bala para você!"
Mas se cala diante do caso Queiroz
Diz não ter nada a ver
Mesmo a primeira dama recebendo
E o filho se esquivando
Para não aparecer.
A notícia espalhada causa comoção
No Rio de janeiro, terra de São Sebastião
O Cristo Redentor faz Cara de pânico
Sente o pranto dos menos favorecidos
E do esquecimento da sua lei de amor...
Lá no nordeste, em terra potiguar
A Santa Rita dos impossíveis
Não deixa passar em branco
Seu pranto é de resistência
"Troquemos uma arma pela inocência".
No canto do cano, caderno e lápis
Não podemos empurrar o futuro para o precipício
Mais escolas, menos presídios
Isso é o que suplico!
Pros lado do Ceará, nas terras do Juazeiro
Lá onde reside
As memórias do cangaceiro da fé
Padre Cícero implora: resistência é agora
Não é possível se entregar
A uma lei cabra da peste e da gota
Façamos as fronteiras para dizer não
Armar nosso povo não traz solução
Bandido não respeita a polícia armada
Vai respeitar o cidadão?
É claro que não!
Melhor mesmo é ficar atento
Direitos humanos não aceita remendos.
Lá no Maranhão
já temos as primeiras vítimas
Dois jovens foram mortos no horário da labuta
Perderam as vidas por um filho da puta
Não pagou a energia, se achou no direito
De sacar a arma e agir sem respeito
Atirou, fez uso da posse,
Se não resolve na fala,
mete bala, mata ou morre...
Decreto de sangue,
de grande ilusão
Morte à poesia,
porque não um livro na mão?
Ao invés de uma arma
Que não protege o cidadão?
O presidente bem que podia
Decretar bem mais poesia
Pra dar vida digna a essa nação.
Marcus Vinicius