caminho pelas ruas
caminho pelas ruas com cuidado
mas às vezes o tombo é inevitável
não me faço de rogada
seguro a mão que se estende
até entabulo uma prosa
- a sra. está bem? machucou?
precisa de algo?
- estou bem, obrigada pela ajuda
tropecei nesta pedra
sempre há muitas pedras nas calçadas
e as pedras como toda pedra da estrada
derrubam a gente
mas sigamos em frente.
no exato momento em que desenho
o quarto de círculo que me põe de cara no chão
nesse ínfimo espaço de tempo
olho a impassível matéria
extraordinária pedra que me tira
da minha vida ordinária.
assopro a ferida do joelho
aliso meu braço roxo
não há como não sair pensativo depois do homérico tombo
retomo meu trajeto como rocha fosse.