Demasiadamente humano
Talvez devesse escrever um conto
Estar mais tempo com esta máquina
Respirar mais fundo
Dirigir-me mais longe
Largar a intensidade pela homeopatia.
Talvez devesse escrever um romance.
Enfrentar os vazios, em vez das caras quentes,
Construir histórias, personagens,
Deixar de lado as frases curtas.
Talvez devesse dormir mais,
Até que o dia separasse meu corpo de todas as outras coisas,
Separasse o pensado, de pensar.
Talvez num conto encontre o meu mestre,
A correção de todos os meus fracassos.
Ou num romance,
encontre um final feliz,
Preciso, ritmico.
Talvez devesse,
Um dever a mais pode ser uma carga que me ultrapasse,
Não são os sonhos,
Mas sim o dever de sonhar,
De poder me dar à insolência criativa,
Como a música, a poesia, o canto, o cinema, a pintura, a voz, a vida.
Talvez eu seja apenas,
uma imperfeita felicidade.