Acabou o gás
Não está fácil
O pão está caro, o bolso vazio
Eu, desempregado!
O verso resolveu encolher
E você vem me dizer que desistiu?
Não está fácil
A vida foi pro beleléu
Meu chapéu eu nem sei por onde anda.
Desisti da cana, não me desejo embriagado
Não está fácil
O violão cansou,
As notas foram para o espaço
E a canção que iniciei a compor
Morreu antes mesmo de nascer...
Você nem apareceu no último ensaio
Errei todo o texto
O palco estava escuro
Porque a luz ninguém quis ceder!
Mandaram-me escrever
Um último roteiro, mas não sei...
Não está fácil
Porque o que faço
Eles não querem, não aceitam ler.
Censuraram o meu direito de dizer
Encurtaram a temporada da exposição
Proibiram, disseram não!
A arte foi pra rua, acampou
Na calçada, de graça, resistiu
Mas, psiu, não está fácil
O gás novamente subiu,
O meu acabou, por favor
Você desistiu...
Eu nem sei por onde anda meu verso
Hoje ele inventou uma dor,
Eu com desejo de pão, não vou comer
Está caro; eu, desempregado
Nem tenho inspiração para escrever...
Marcus Vinicius