Girassóis

Não vou mais passar

Pelos campos onde eu passei

E os sentimentos que senti

Já estão tão longe de mim

Quanto eu deixei

Passo aqui, ou passo ali

Eu sou uma flor

De onde arrancas as pétalas

Para jogar ao sabor do vento

Eu sou o céu, sou firmamento

Sou a conversa e o segredo

Sou pura paz e sou tormento

Sou seriedade e sou brinquedo

Sou a mentira e a amizade

Sou o amor e sou verdade

O que eu sou e ainda serei

Passagens por campos que não passei

As perguntas que ainda não fiz

As duvidas que ainda terei

Quem sabe mais do que sei

Sobre o que eu vi de olhos fechados

Declamei de labios calados

Meu Deus, porque falei

Sobre o histórico mal contado

Eu tive que falar do que sei

Do que eu li com o livro fechado

Do que eu entendi criptografado

Tanto pra dizer que me armei

De sentimentos pouco afiados

Estáveis na própria estabilidade

As próprias figuras de linguagem

O meu jeito de dizer tudo

Sem dizer absolutamente nada

Com toda a verdade comunicada

Com todas as falas roteirizadas

Em outra dimensão

Eu nunca tive razão

Mas como e quanto amei

As linhas e cada explosao

A inexplicabilidade da emoção

Que me fez ser o que sou

Que me abraçou ou estrangulou

Que me acordou ou me embalou

Pegou minha mao e arrastou

Pela caneta e papel

Pela cabeca exposta ao leu

Pela mente que me foi dada

Por falta de mais deteriorada

Eu atirei

As entranhas gritaram o grito

Foi eu mesma, admito

Diante dos girassóis que pintei