Livre-arbítrio
adoeço a vida
entre mobílias velhas e ácaros
penduro-a no varal
entre pássaros
pensamentos
recordações
faço minha a culpa
salgando alimento com lágrimas
esterilizo o banheiro
me absolvo de tantos pecados
e me farto orgulhosa
do pseudo livre-arbítrio
cuja única porta se abre para o inferno
panelas me chamam pelo nome
íntimas amigas do fogo
destruidor dos vestígios
de sonhos libertários
de devaneios marxistas
de filosofias platônicas
tranco portas e janelas
puxo as cortinas
e me revelo a verdade
sentada no chão da sala
paira no ar a derradeira nota musical
de uma sentida cantiga de ninar ilusões
Tânia M. da C. Meneses Siva
13 de junho de 2007