De quem, a culpa?
Vi aquele homem na prisão.
Entre as grades,
destra estendida,
olhar profundo,
penetrante,
alçando o infinito,
ao Criador chegando
num misto de súplica
e questionamento.
- Perdão Senhor!
Errei,
pagando estou.
Mas...
até onde minha culpa,
Deus meu?
Desempregado,
filhos, pela fome se minando,
esposa silenciosa a me fitar
dia, após dia.
Saí e roubei;
de sacola cheia, retornei.
Após tantos meses,
a família dorme feliz
sem o fantasma
ou a realidade da fome.
No dia seguinte,
foram buscar-me.
Eis-me aqui.
“Atire a primeira pedra
quem nunca errou”.
O HOMEM ESCRAVIZA,
CRISTO LIBERTA.
-délia costa-
(do... Ensaios Literários)