O ímpeto do semblante desfigurado

Queria ser o último a sentir a catástrofe

Interrompendo minha linearidade com esse apóstrofe

Minha corda bamba é uma corda de nylon

Esse arranha-céu sempre me requere com drama

Se eu andasse nessas ruas como um estranho

Sem acender uma chama nesse teu coração, tu saberias dessa trama?

O cômodo é menor que meu estado sufocante

Na impressão de que tudo em volta é discrepante (com meu semblante)...

Consciente de que não passei de um amante

Que nunca amou a si mesmo e projetou todas expectativas em um instante

A frustração é pior que a flecha no osso escapular

Ou a latência que o peso de pensar demais causa no globo ocular

Minha glândula lacrimal já foi menos desgastada

Hoje parece a corrosão do tempo traduzida na estrada

Buracos por toda parte, dilatação térmica, irregularidades

Ainda melhor do que não suportar o peso de todas verdades

Devia ser menos sôfrega a aparência da realidade?

Talvez seja o rosto de um idoso dividido pela metade

Preferi não desfrutar da vaidade, me desencontrei com Narciso essa tarde

Esvaziei a saudade no vinho brega gritando pra Dionísio me ceder a intensidade

Se não viver agora o céu talvez não nasça

A morte é tão certa, mas e o que vem depois? Por isso não recusaria essa taça

Fomos criados pra viver a desgraça

Então vamos transar nesse caos em meio às bombas de fumaça...

Sombra Victorino
Enviado por Sombra Victorino em 17/01/2019
Código do texto: T6553481
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