O ímpeto do semblante desfigurado
Queria ser o último a sentir a catástrofe
Interrompendo minha linearidade com esse apóstrofe
Minha corda bamba é uma corda de nylon
Esse arranha-céu sempre me requere com drama
Se eu andasse nessas ruas como um estranho
Sem acender uma chama nesse teu coração, tu saberias dessa trama?
O cômodo é menor que meu estado sufocante
Na impressão de que tudo em volta é discrepante (com meu semblante)...
Consciente de que não passei de um amante
Que nunca amou a si mesmo e projetou todas expectativas em um instante
A frustração é pior que a flecha no osso escapular
Ou a latência que o peso de pensar demais causa no globo ocular
Minha glândula lacrimal já foi menos desgastada
Hoje parece a corrosão do tempo traduzida na estrada
Buracos por toda parte, dilatação térmica, irregularidades
Ainda melhor do que não suportar o peso de todas verdades
Devia ser menos sôfrega a aparência da realidade?
Talvez seja o rosto de um idoso dividido pela metade
Preferi não desfrutar da vaidade, me desencontrei com Narciso essa tarde
Esvaziei a saudade no vinho brega gritando pra Dionísio me ceder a intensidade
Se não viver agora o céu talvez não nasça
A morte é tão certa, mas e o que vem depois? Por isso não recusaria essa taça
Fomos criados pra viver a desgraça
Então vamos transar nesse caos em meio às bombas de fumaça...