Vento

Vento que chega

Despindo as vestes dos passantes,

Tirando a roupa das almas amantes,

Das pessoas, dos delirantes,

Traz mistérios a todo o instante.

Vendaval doido sem rumo

Quando passa e muda tudo.

Vento forte, ventania

Sopra bêbado de euforia.

Vento insano com o seu canto

Traz o santo e o profano.

Vento forte ou vento brisa,

Vira a página da revista.

Vento que sopra a espinha

Traz aquela flor que é minha.

Vento do horror, vento de morte

Passa reto, some ao norte.

Vento que traz todos os sonhos

Mexe o cabelo, bagunça o âmago.

Vento que nos salva do tédio

Ora veneno, ora remédio.