Assim expira o mundo
Jogue à noite
O desperdício
Do desespero
Que corrói
A alma intacta
Que está inconsciente
No sono de sua inocência.
Dias
Em vão.
Decisões
Em vão.
Versos
Em vão.
Presa intenção
À mesma velha
Repetição de
Palavras já cansadas
De tão usadas
Para o mesmo
Imutável padrão.
Expulsa de si
Toda aquela
Disposição solar,
Traz para si
A absência da luz,
Fica enfim à deriva
De um eterno eclipse
Que paira sobre si.
Um suspiro para o fim,
Metáforas que perdem
Seus significados
Assim como deuses
Perdem suas significâncias.
Um sorriso
Para servir de esmola
À natureza que trouxe
À custo de tudo
O preço das ações,
Justo quando pensávamos
Que o para sempre
Duraria tanto quanto a eternidade.
Lamentável
De tão raso
Que ficam
As parábolas
Não completadas,
Talvez na próxima vez
Será mais que fútil
Regar um sonho
Em um mundo seco
De insaciável sede.
Maduros e doces
Eram os frutos
Que provamos
Comparados à
Podridão e acidez
Que colhemos e pomos
Como o pináculo de nosso orgulho.
A música tocava
Para que houvesse
Quem escutasse-a
Numa auditiva realização,
Mas a surdez impede
Que algo mais seja
Encontrado além de
Escombros de "havia um tempo...".
Sorri de volta a natureza,
Aproxima-se com empatia
E sussurra as últimas palavras
Que serão o eco
Predominante entre
Ondas sonoras de pensamentos
Até que o epilogo imite o princípio.
E pela última vez,
Foi lindo ver
O Sol se levantar,
O espalhar do aroma
Que dava cor e luz
Para mínimos detalhes
Que mal sabíamos que
Permaneceram aqui com nós.
Última das preces,
Última das colagens,
Última das hipérboles,
Última das palavras.
Acaba a noite.