Amor bruto
Guardo dentro de mim um amor bruto,
louco pra ser untado,
louco pra ser lapidado,
louco pra ser enlouquecido.
Amor ainda imberbe, meio tosco,
mal entende das leis, dos mandos, das fronteiras,
das ribanceiras.
Amor louco pra desmamar, pra voar, cair no mundo,
seja esse mundo qual for.
Tenho certo medo do seu suor, do seu respirar,
das vontades que vagam dentro dele.
Tenho medo dos seus rebanhos, da sua casa,
do que arpará do seu coração.
Talvez me ensine o be-a-bá da vida,
talvez me carregue no colo, vai saber,
quem sabe desgarre minhas sombras,
quem sabe me faça sorrir, até morrer.
Desse amor acuado, acirrado, atiçado,
vou descamar o que tenho de melhor,
de mais afagado, de mais estrelado,
de mais meu.