PROGNÓSTICO
À beira das voragens inescrupulosas,
Ao lado das ladainhas que fremem canções,
À frente dos bêbados da madrugada sinistra
Surge o vento que sopra o frio de inverno
Sobre o vácuo onde dormitam andorinhas
E dos pés amancebados do sertão nordestino.
Ventania que faz crepitar os corações apaixonados
Das donzelas que bebem do cálice da vergonha...
Amor que palpita emoções,
Devaneios nobres enclausurados nos porões do tédio,
Esperanças malogradas pelas bissetrizes envenenadas
E pelos gritos alucinados das mortalhas rasantes.
Fechem as bocas,
O suor que escorre pelo peito esmagado pela dor
É a gaivota íntima que voa em busca da redenção.
Tudo é sacrifício perante tribunais humanos
E, quando a chave da decência der a volta do parafuso,
Todas as esdrúxulas decepções
Despencarão nos precipícios do homem!
DE Ivan de Oliveira Melo