UMA VOZ DE SABIÁ
Era sabiá que cantava no verde de todas as árvores,
Ave canora na poeira do chão vermelho.
Olhos pequenos e negros afinavam-se com o trinar das notas
Elevando-se, ao mesmo tempo, entre as casas de paredes nuas,
Voando pelos quintais.
Estatura pequena de potente voz
Era melodia em cada portal,
Em toda janela atenta do local.
Lulu era seu nome, Lebre, o sobrenome,
(Para fazer jus à ligeireza de seus passos)
Andava como se voasse.
De rapidez igual eram seus olhos, ávidos por vida.
Cantava Lulu e encantava com suavidade,
De sorriso largo, asas procurando mundo.
Afinada, a voz permanece,
Revoa e pousa num galho de araucária,
Entoa saudades... em variadas escalas.
Os pequeninos olhos são os mesmos,
Buscando a principal janela veneziana,
Que lhe abra espaço para o universo.
Ainda canta o pássaro Lulu,
Lebre ágil a correr do tempo.
Canta como sempre cantou
Dedilhando acordes espalhados
E mesclados na beleza de seu sorriso,
Aquele inesquecível e largo sorriso.