Chão
Pobre alma vistosa que deseja
O infinito e crê-se real:
Pensa animar tudo c'um ar frugal.
Vive a fantasia recalcada.
Acorda-te, o mundo te espera,
Finca os pés nas hastas do sertão,
Tateia a planície tão áspera,
Não se veste com a toga de Platão.
Ferem-me a alma estas alparcatas,
Por que chegas e me destrói dor ríspida?
Tu és o seco chão de tortas lutas.
Se a ti fizesse imagem nítida,
Por amor, eu empunharia a dor
E no peito nu a me cravaria.