HOJE TENHO MÃOS BRUTAS
esses dramas internos!
hoje tenho mãos brutas que amassam o pão
é noite de tempo no tempo quando os que foram
despertam a dor amalgamada ao redor dos séculos
a velha fia, fia na roca e uma lágrima rola
a criança escondida atrás da porta olha e seu olhos são o silêncio de estrelas medrosas
a mulher descalça bate o pé na terra dura
e estende as roupas no varal com fúria
haverá um dia de trégua para quem trabalha e reza?
serão os sonhos partidos cumpridos em mim que agora trabalho o pão?