Um malandro de antanho

O terno branco de linho

Que vivia todo vincado

Desfilando em desalinho

Sem cravo, amarrotado

Rescendendo à ressaca

Vagueando em meandros

Balbuciando em via sacra

Onde desfilavam malandros

Já sem a velha parceira

Com a navalha penhorada

Becos sombrios da gafieira

Faz balanço das madrugadas

Acorda de terno e gravata

Sem os breques das passeatas

Sem as meninas vedetes

Das lança-perfumes e confetes

As mesas de bares rodadas

Não tem mais veludo, sinuca

Trocava aluguel por tacadas

Armadas feito arapucas

Camuflado em novo palco

Sem colônia, sem o talco

Abandonou infiéis apostas

Converteu-se agora em janota

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 13/01/2019
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