Esperança
No horizonte imutável existe e resiste um rastro
A ideia que se mantém intacta no canto da mente
Uma dica esquisita e profética de um distante astro
Um dejavu, um fantasma, uma mal-brotada semente
Um sonho
E ao acordar e tentar recordar
Martelando, no entanto,
Se mantém presente,
Mas nunca nítido,
Como uma vida não vivida,
Como um guardado e cadeado
Não dado presente,
Como uma porta entreaberta,
Que não se abre nem se fecha,
Mas na fresta
O soslaio do brilho do crepúsculo
De um sol a perecer
Raio minúsculo, se confunde
Com o amanhecer.
Algo que se sabe o fim,
Mas se acredita, tolamente
Que irá mudar.
E aquela menina vaga eternamente
Entre esse acreditar e não-acreditar.
Enquanto o mundo muda e tudo se torna errado
Ela permanece petrificada naquela ideia
Que se mantém intacta no canto da mente
Em um horizonte imutável...
Um rastro.