Elegia
Meu tio nasceu na aurora da minha infância
A estrada torta das nossas vidas percorreu sem atrasar nem um
sorriso,
conservou ternura em dias ensolarados ou cinzentos,
com humor e discrição derramou hilariantes sonhos,
pude crescer e olhar o céu apagado de mãe e cheio de tio.
Conservei na voz ruiva do tempo tua prece, teu apego pela vida,
flor natural de tua alma,
bramida em mais alto som no último suspiro.
Não coloquei lágrimas em teu caixão,
nem mesmo aplausos enveredei a dar,
mas fiz do riso a veste de nossa despedida,
e no enterro narrado pude saber o que sempre senti,
os entes queridos, quase que mais querido,
quase todos os entes queridos daquela sexta feira eram zés
ninguém.
Ninguém mais ilustre do que uma ramagem verde esquecida,
tirando o chapéu,
olhando atônito a pobreza do mundo,
E a bondade deitada ainda incontestavelmente luzia tais versos.