31 incomum
31 incomum
Liquefiz-me em Boto-Rosa
Saltei naquele mar de gente
Avenida Paulista, 31 de Dezembro
Entre o Metrô Consolação
E Estação Brigadeiro
Tendo a Pamplona como centro
Saltando ondas parei na Starbucks
Ali a mulher islâmica
Cabeça coberta por lenço branco
Amamenta seu rebento
Sob o olhar do dono
Na mesa ao lado
A mulher judia obediente à Torá
Traveste os cabelos negros
Em longa peruca loira
Sob o olhar de seu dono
Eis que a mulata surge
Salto alto muito alto
Um dedinho de tecido no shortinho branco
Deixando à mostra um bumbum durinho
Burburinho
Para o trânsito
Dono algum há
Rosh Hashaná
Fui em frente
Esbarrando em muitos peixes
Verde Vermelho Amarelo
Gêneros Suores Humores
Mama áfrica cantando
Um violino chorando
Ai de mim
De escama em escama
Escorreguei até a Barra Funda
No 546 da rua Lopes Chaves
Onde encontrei Mário de Andrade
Que assim me confidencia
“Foi andando e olhando São Paulo
Que construí Macunaíma”
O resto todo só rima