Residual

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

É madrugada.

O celular me acorda,

Não é ninguém.

Toque de engano.

Mas o meu sono é um cigano...

Levanta-se do nosso acampamento

E vai embora...

Sem ele, que me entontece,

Vou fazer o quê?

Começo a escrever...

Escritos também entorpecem...

Corre a fera atrás da presa...

Uma prega na terra esconde o ouro maciço

Ou um destino aurífero;

Uma falha geológica no oceano esconde um maremoto

Ou um terremoto mortífero.

Futurólogos arrastam a eternidade pra cá!

Antropólogos descobrem fósseis...

Cientistas fazem o teste de carbono 14

Para determinar a idade desses fósseis...

Retratos antigos mexem comigo,

Principalmente os de pessoas que nunca vi.

Como puderam existir?

Que hora existiram, e onde, que não vi?

E os quadros a óleo de passados reis e rainhas,

De nossos Imperadores?!... – Nunca mais

Pintor algum contemplará seus modelos!...

Minha mãe já está mais nova do que eu.

Estranho tempo,

Que faz isto acontecer.

Tamanho espaço

Que cabe o universo sem encolher.

Foi sem escolher que vim nascer aqui

E este virou o meu País!

Mas quem sou eu para afirmar

Com certeza absoluta

Que não fui eu mesma que o quis?...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 16/09/2007
Código do texto: T654886