Anil
Prometi à minha alma vazia,
Que nunca escreveria sobre você,
Que esse poema eu guardaria,
E apenas a gaveta saberia o porquê.
E que talvez algum dia,
O queimaria em fogos espirituais,
Onde o vento levaria,
As sobras dos resíduos mentais.
Mas eu volto a ter a caneta em punho,
Mesmo depois de anos,
E risco esse papel de rascunho,
Na esperança de esquecer os enganos.
O relógio aponta a madrugada,
Finjo que estou da bebida mercê,
No celular, a bateria quase se acaba,
Mesmo assim, eu ligo para você.
Por favor, me ignore,
Eu não quero que você me atenda,
Por mais que se demore,
Essa dor para mim é apenas uma ofensa.
Mas meu monstro interior,
Implora por sua atenção,
Uma mistura de amável e amargor,
De sentimentos e ilusão.
Busco a purificação,
Em um inacabado desdém,
Um ponto final sem conclusão,
Quatro solstícios além.
Diga que isto é errado,
Segure a minha mão,
Me conte seus falsos chamados,
E use suas verdades como ilusão.
Repita o que eu preciso ouvir,
E mais uma vez, me deixe dependente,
Quase a morrer, quase a cair,
Enquanto você se esvai lentamente.
Eu ainda procuro em seu rosto,
Algo que eu não consigo me lembrar,
Do seu cheiro ou do seu gosto,
Ou do seu jeito de me amar.
Mas quando esse conflito ter um fim,
O silêncio será eficaz,
O destino se curvará a mim,
E o céu riscará a paz.
Anunciarei meu retorno glorioso,
Atencioso, porém hostil,
Em um arco-íris majestoso,
A harmonia tem cor anil.