O parto de um anjo

Enrustida num batel

Não de todo lídimo

Foi como entrou no céu

Sem um bilhete legítimo

Veio sem recomendação

Transvestida no convés

Nada de fé, ou beatificação

Olhando e andando de viés

Falou com mais de um anjo

Sem mencionar o passado

Mostrou-se aberta a arranjos

Disposta a sanar pecados

Certas vezes na terra rendida

Em macas cheias de marcas

Vendia amores, era vendida

Em casas de luzes parcas

Sem descanso pelas camas

Livre da pedra de Madalena

Agarrava-se a novo alfama

Querendo abrandar a pena

E no éter viu-se como gente

Ela, passageiro clandestino

Num passe de paz, de repente

Deixou de ser um desatino

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 11/01/2019
Reeditado em 11/01/2019
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