Vista por ninguém
A mulher morta no chão
Sofria calada, sozinha
Sem ser escutada
Por ninguém.
Quem vinha não a via
Quem se deitava com ela
Fazia dela uma sobrinha de nada.
A mulher calada
No chão frio da sala
E no portaretrato seu sorriso
Não deixava ser lido por ninguém.
Na perícia, a causa era averiguada
Enquanto o coração dela parando de bater
Havia apagado as velhas lembranças
Do tanto que havia amado.
A mulher morta não cansou de amar e morreu
Mas omitiu a sua dor e o seu sofrer.
Seu corpo foi jogado da escada
Por um amor ateu
Que não acreditou no amor de verdade.
Arremessou da escada um corpo
Que não era seu.
A mulher jogada da escada
Pelo homem que ela amava
Estava morta, agora, enterrada.
Marcus Vinicius