RECINTO
Ao entrar neste recinto
Menti e minto, boquiaberto
Que agora já me sinto
Mais tranquilo, mais desperto
Ou talvez, mesmo enganado
Desse estado em que sentia
Antes, um ser desengonçado
Agora, um louco que sorria
Mentia para disfarçar
Que estar só é loucura
Porém não podia estar
Só de toda criatura
Ao entrar neste salão
Nesse coração deserto
Foi que percebi, então
Que aprendi pouco, decerto
E do ganho não recordo
Pois a bordo desse sonho
Sempre mais triste acordo
Mais sozinho, mais tristonho
Quem me dera se uma voz
Desses nós em que estou
Livrasse-me por que de nós
Hoje um só foi que restou
A liberdade está distante
Muito antes da riqueza
Porque vive de instantes
De momentos de beleza
Porém, não sei se saberia
Pois mentia ao dizer
Que queria e não queria
Mas queria sem saber
Hoje, ao dormir sonhei
E acordei sem me sentir
Porque nunca imaginei
Que me achava a dormir
Não foi sonho e nem nada
Na estrada que andei
Fiz os passos da jornada
Inconsciente do que sei