RECINTO

Ao entrar neste recinto

Menti e minto, boquiaberto

Que agora já me sinto

Mais tranquilo, mais desperto

Ou talvez, mesmo enganado

Desse estado em que sentia

Antes, um ser desengonçado

Agora, um louco que sorria

Mentia para disfarçar

Que estar só é loucura

Porém não podia estar

Só de toda criatura

Ao entrar neste salão

Nesse coração deserto

Foi que percebi, então

Que aprendi pouco, decerto

E do ganho não recordo

Pois a bordo desse sonho

Sempre mais triste acordo

Mais sozinho, mais tristonho

Quem me dera se uma voz

Desses nós em que estou

Livrasse-me por que de nós

Hoje um só foi que restou

A liberdade está distante

Muito antes da riqueza

Porque vive de instantes

De momentos de beleza

Porém, não sei se saberia

Pois mentia ao dizer

Que queria e não queria

Mas queria sem saber

Hoje, ao dormir sonhei

E acordei sem me sentir

Porque nunca imaginei

Que me achava a dormir

Não foi sonho e nem nada

Na estrada que andei

Fiz os passos da jornada

Inconsciente do que sei

João Barros
Enviado por João Barros em 10/01/2019
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