COISAS VELHAS

Os primeiros poemas são meus

Os outros, são de todo mundo

Todos foram falando versos

Improvisados

Nas noites de chuva fina

Quando o céu parece ia descendo

Cada vez mais até bater em nossas cabeças

Bonita é a cor que ele tinha

É uma cor de lâmpadas incandescentes

Que vem das cidades longes

Lembra os olhos aflitos

De quem procura o filho perdido

No meio da multidão de rostos

E passos nas praças

Festivas de hoje

Esse rosto no espelho parece com a gente

Quando éramos apenas nós

Agora que somos muitos

A nossa cara reflete

Uma multidão

E a nossa alma tá bagunçada

Não reconhecemos ninguém

Porque essas diferenças que nascem na alma

São como navios piratas em alto mar

Carregando tesouros

Que ninguém sabe de onde vêm

Os poemas dos outros são bem melhores

Que os meus

Mas, infelizmente

Eu já não os ouço e a poesia vai

Morrendo com esse gosto de coisas velhas

Esquecidas em quartos de antigos donos

Já sem dono algum.

João Barros
Enviado por João Barros em 09/01/2019
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