A dor que dói a alma
Reflexo dos trilhos
na imagem que vejo pontilhada.
Triste pesar por alguém que se foi
arrebatada às ventas da morte.
Na flor da idade
cheia de vida,
vítima da própria sorte.
No infernal barulho precipitado pelo silêncio
o amargo presente de natal.
Balas sem doce distribuídas a esmo
ceifando vidas como papel.
Da reza que salva os justos
acalento pra alma em uma noite cruel.
Na violência gratuita das ruas
vida e morte se cruzam a cada esquina,
celebrando o brilho do dia
ou chorando o ardor da ferida.
Estaca cravada no peito
hemorragia que sangra a alma
caixão, vela e cantiga
e a velha historia que nunca acaba.
É mãe que chora ao pé da filha
perdida em uma (mal) dita bala.
Cinza cor que arranha o céu
como uma estrela ao infinito prometida,
marcada pra sempre na carne
e expropriada da própria vida.
No sorriso amigo dos desconhecidos
o abraço apertado que conforta,
na lembrança de uma historia digna
a esperança na justiça
que hoje transborda.
Chega de estrelas brilhando no céu
e de corpos estendidos no chão,
queremos nossos anjos na terra
e não no vazio do nosso coração.
Por Júnio William: Poesia criada em homenagem a querida, Pollyana Fidelis, que teve sua vida ceifada em decorrência da violência descarada que assola nosso (tempo) banalizando a vida e ignorando a dor...