O tiro que sai pela culatra

Sou um cego no tiroteio

Esperando uma bala se aproximar pra satisfazer o desejo

Mas a escopeta teria vida própria nessa trilha?

Ou a consciência sempre arruma essa armadilha?

Noites sem apagar no mesmo ponto

Vendo todos hexágonos a partir do mesmo ângulo

Sinto tanto por não calcular esse apótema

Sempre foi zero ou inexistente...

Preso nas correias, que poderiam ser cordas ou teias

Imagino só o que quero ver, e nada mais...

Perdi a perspectiva alheia, encontro-me em uma mesa

Cheia de talheres e sem ninguém pra festejar

Meu almoço é um esqueleto corroído pelo medo

Se entorpecendo com o receio de viver mais um momento

O espelho dividido ao meio, agora só serve pra cortar

Porém antes desse tempo já me despedacei do quarto andar...

Sombra Victorino
Enviado por Sombra Victorino em 07/01/2019
Código do texto: T6545330
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