O tiro que sai pela culatra
Sou um cego no tiroteio
Esperando uma bala se aproximar pra satisfazer o desejo
Mas a escopeta teria vida própria nessa trilha?
Ou a consciência sempre arruma essa armadilha?
Noites sem apagar no mesmo ponto
Vendo todos hexágonos a partir do mesmo ângulo
Sinto tanto por não calcular esse apótema
Sempre foi zero ou inexistente...
Preso nas correias, que poderiam ser cordas ou teias
Imagino só o que quero ver, e nada mais...
Perdi a perspectiva alheia, encontro-me em uma mesa
Cheia de talheres e sem ninguém pra festejar
Meu almoço é um esqueleto corroído pelo medo
Se entorpecendo com o receio de viver mais um momento
O espelho dividido ao meio, agora só serve pra cortar
Porém antes desse tempo já me despedacei do quarto andar...