Divagação migratória

O sopro distante

Um errante

Eu querendo acertar.

Para chegar ao ponto

É preciso saber a medida dos ingredientes

Não basta apenas misturar.

De um lado do caminho

O olhar é resistente, espere

Depois da enchente

A gente migra para um outro lugar.

Na vida, nada é para sempre

Existe o movimento

As estações mudam

Assim como o mar emudece

as ondas bravias

Quando se preparam para nos devorar.

Eu, agora, sofro a ação do tempo

O vento assanha meu equilíbrio

Não sei por onde ir, minha bússola

Alguém pode vir me buscar?

Já passou a madrugada,

Leio Galileu

E ainda nem acabei de preencher

Minha relação de desejos.

Errante, entendo,

o tempo é pouco,

Não adianta querer prendê-lo em uma definição...

A ação deste me comove

E eu me movo, como um sopro

Na ânsia de acertar.

Faço a epígrafe de mim

Como um oráculo

No vácuo da vontade

De simplesmente existir...

Desculpa a pressa

Só aprendi a misturar sem medir

Não tenho receita

Só sei apenas que depois da enxurrada

A gente pode continuar a seguir.

Marcus Vinicius