NA JANELA
Estou aqui e vejo o mundo lá fora.
Há flores, pássaros, sons e cores.
Há gente, seus amores e dissabores.
Estou só. E meu poema pastora...
Cria da vida uma linda metáfora,
um mundo sem defeito, perfeito,
uma quimera na qual me deleito.
Nela minh’alma canta, bendiz e ora.
Pressinto em mim a melhora.
Posso dar-me ao sonho, sem medo,
pois que ele devaneia também, aedo.
E nesta entrega, o amor aflora.
Faz-se pleno e sereno, sem demora.
Exigente, quer me levar embora...
Acordo. É ilusão... Volto a outrora
e meu coração de poeta chora.
Ah! Quem me dera ir para fora!