POEMA DRAMÁTICO NO. 2 - "QUEIXAS DE LÁZARO"
I
Desde que morri
pela segunda vez,
O amor entra... jamais se instala.
Ele se esvai...perde o sentido.
Eu desejo demais
eu sonho demais, eu quero demais
“essa” mulher, “aquela” mulher
muito mais... que qualquer coisa.
E depois tudo some.
Mesmo parecendo
que estou assim...
Bem seguro, em suas mãos.
Mas, quando consigo
o que quero...
logo, tudo perde o sentido.
E eu só quero...
ficar comigo.
E tranquilo,
lavo minhas mãos.
Tudo, tudo, tudo! Perdeu o sentido!
Nada se instala
dentro do meu juízo.
Desde que morri...
pela segunda vez.
II
Todo rosto que vejo
se parece o único.
Todas as pernas
que toco... se parecem
as mais grossas e lisas
Todos os olhos
se parecem
os mais perfeitos...
Olhos que são
a porta de entrada
da alma mais linda
Da paixão que
jamais tive...
na vida inteira.
Jamais pareço inteiro.
Todo rosto, soa como
aquele rosto
que eu sempre quis.
Todos os seios,
todos os sexos, toda atitude,
toda a bondade desenhada
...bem ao lado dos poemas
Que eu escrevo, com as canetas
que encontro nas gavetas...
Do meu quarto.
Muito empolgado,
obcecado... parecendo
amar muito mais do que
jamais amei na vida.
Jamais serei inteiro.
III
Desculpe se te feri
desculpe-me você, você “alguém”
você “quem seja”, você “quem será?”
desculpe você “ninguém”.
Desculpe a quem convir
... a quem a carapuça se servir.
Desculpe, por eu
me mostrado assim
tão empolgado...
Por meu rosto, e assim
todo o meu corpo
parecer estar amando... ou até apaixonado.
IV
Eu evito mares, águas, rios,
poças d'água... e até mesmo espelhos.
Pois sou,
assim demente, insanamente,
bestamente, loucamente...
Apaixonado
por mim mesmo.