A Venda

Aos dez anos iniciaram-me no trabalho

Encerrava precocemente minha infância

Assumi responsabilidades ainda pirralho

O trabalho infantil não tinha relevância

Tão de repente relava queixo no balcão

Ao colocar-me à disposição do freguês

Para vender-lhe de uma agulha a avião

De boa vontade de forma muito cortês

Bem variadas eram as minhas funções

De faxineiro a repositor de mercadoria

Café, doces, lanches e outras refeições

Mercearia, bar, lanchonete e sorveteria

Arroz, o feijão e outos cereais a granel

Pólvora, chumbo, balas doce e amarga

Celofane, ofício e outros tipos de papel

Caderno, lápis, caneta e a sua recarga

Fumo de rolo, rapadura, pé e toucinho

Queijo, pão, picolé, linguiça, mortadela

Pimenta do reino, canela pó e cominho

Fio, linha, corda, prego e até manivela

Fivelas, cintos, fechecler, botões, ilhós

Ferradura, fechadura, lona para tenda

Não existia quem vendesse como nós

Porque de tudo tinha em nossa venda.

marciusantos
Enviado por marciusantos em 03/01/2019
Reeditado em 04/01/2019
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