MÃOS A SANGRAR
Mãos apertando a dor no botão de rosa em flor.
Solitárias sentem a ferida do espinho que insiste sangrar
Olhar perdido, nada faz sentido.
Tudo sem futuro como a solidão da prisão num quarto escuro
Viver é tracejar um rascunho de próprio punho,
Sonhos ao alto voando entre tantas alternativas.
Um salto estamos no céu em romântico e simples balão
No instante seguinte
Cruzamos oceanos no requinte ligeiro de moderno avião.
Por razões lógicas ou rápidas e incríveis emoções
Trocamos a paixão em nossos corações.
Tantos riscos e rabiscos tornando o destino arisco
Entre prazeres e medos, a desvendar os segredos do mundo
Chico ou Francisco, rico ou um pobre Raimundo
Na rotina das escolhas quase nada é impossível
Mas se o espinho da dor, num mero segundo
Faz corte profundo de nunca cicatrizar
A viagem de um parceiro estanca
De forma definitiva e permite, talvez,
Outros escrevam as últimas folhas
O vermelho da vida outrora em flor mistura-se à veia a pulsar
Por mais formosas sejam as rosas,
As lágrimas de quem está a chorar
Fazem toda flor ficar branca,
Pálida como a dor das mãos que as apertam a sangrar.