FOI-SE OU FOICE
FOI-SE OU FOICE
O ano começou
Foi-se a ilusão
Foice nos sonhos
Tudo continuou
Calor incontinenti
Incontinência
Começo de continência
Liberdade liberal
Libertina de esquina
Livro velho
Feliz ano novo
Carcomido pelo tempo
Banho de assento
Curando dores embaixo
Baixo clero despautério
Café requentado
Tudo fechado
Pão de ano velho
Tudo como dantes
A manteiga rançosa
O jornal que não veio
Talvez embriagado
Ou com medo de fogos
De artificial artifício
Espantando bichos
De quatro patas
Fazendo alegria de bípedes
Desemplumados
Viva o estado
Viva o privado
Tudo tão velho
Mercadoria usada
Reciclada
Reutilizada
Reduzida
Depauperada
No mercado de pulgas
E sanguessugas
Que jazem em sangue contaminado
Em transfusões suspeitas
Transações ilegais bem feitas
Apenas suspeitas nada mais
Demais tudo isso
Termina logo a frente
Comendo gente
Pelas beiradas
Tatuagens tatuadas
Expressão infeliz
Cicatriz deixada
Para o carná que se aproxima
Sem vergonha sem rima
E a Latrina desatina
Como sempre
Em águas servidas esgotadas
Sem sede no pote
Com fome na lata
Furada de bala
Ricocheteada de corpo
Boiando no rio morto
Adeus Deus
Olá Lúcifer
Cá estou
Espero bem vindo
Ao novo mundo
Sou do bem
Sou ninguém