FOI-SE OU FOICE

FOI-SE OU FOICE

O ano começou

Foi-se a ilusão

Foice nos sonhos

Tudo continuou

Calor incontinenti

Incontinência

Começo de continência

Liberdade liberal

Libertina de esquina

Livro velho

Feliz ano novo

Carcomido pelo tempo

Banho de assento

Curando dores embaixo

Baixo clero despautério

Café requentado

Tudo fechado

Pão de ano velho

Tudo como dantes

A manteiga rançosa

O jornal que não veio

Talvez embriagado

Ou com medo de fogos

De artificial artifício

Espantando bichos

De quatro patas

Fazendo alegria de bípedes

Desemplumados

Viva o estado

Viva o privado

Tudo tão velho

Mercadoria usada

Reciclada

Reutilizada

Reduzida

Depauperada

No mercado de pulgas

E sanguessugas

Que jazem em sangue contaminado

Em transfusões suspeitas

Transações ilegais bem feitas

Apenas suspeitas nada mais

Demais tudo isso

Termina logo a frente

Comendo gente

Pelas beiradas

Tatuagens tatuadas

Expressão infeliz

Cicatriz deixada

Para o carná que se aproxima

Sem vergonha sem rima

E a Latrina desatina

Como sempre

Em águas servidas esgotadas

Sem sede no pote

Com fome na lata

Furada de bala

Ricocheteada de corpo

Boiando no rio morto

Adeus Deus

Olá Lúcifer

Cá estou

Espero bem vindo

Ao novo mundo

Sou do bem

Sou ninguém

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 01/01/2019
Reeditado em 01/01/2019
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