Quando casamento vira menos que pó
Casamento é Everest do mais bravio granito,
mas tem uma coisa que faz virar pena de galinha,
faz virar menos que pó.
Amor é couraça de Deus,
mas tem uma coisa que acaba com sua raça,
não deixando nem saudade pra contar história.
Uma caminhada a dois é estrondosamente duradoura,
mas tem uma coisa que dilacera até sua alma,
desmilinguindo cada gomo desse chão conjunto.
Brigas quanto mais ressoantes passam com o tempo,
ferimentos quanto mais imensos um dia viram cicatriz,
ventos contrários por mais certeiros podem mudar de rumo.
O que acaba com o casamento, com o amor, com a caminhada a dois
é uma mágoa, uma simples mágoa, uma fugaz e inocente mágoa.
Sua aparente face esconde um turbilhão de dores que fazem estrago danado, tão danado que farão ruir o que se dizia eterno.
Essa mágoa de jeito frágil, de andar meio trêmulo, de voz meio rouca,
tem no seu bojo o mais cruel arsenal desse mundo.
Depois dela, não adianta lamentar, teimar em recuar, teimar em fingir
que não passou de miragem.
Depois dela, tudo estará morto, velado e enterrado. Pra sempre.