Cadê minha casa?
Fios de luz serpenteiam no céu,
Estrondos rasgando espaço cinzento
E sobre as casas, ruas e seres viventes,
Derrama-se a vida.
Os pássaros passam sob a chuva
Os pingos batem forte em suas asas,
Que já encharcadas,
Mudaram os tons da plumagem!
Eu, solidário as dores, os observo.
As aves procuram o seu abrigo!
Mas a velha mangueira jaz ao solo.
Habita nos negros olhos,
Que dantes foram claros e rutilantes!
O amargo desespero
De um desencontro!
Tão certo era o seu pousar
E é tão incerto o seu voar.
A velha mangueira já fora ao chão!
Voam e revoam em desespero!
As aves!
E agora!
Onde estão as suas casas?
A cerra fora calada,
Mas a natureza solta seus gritos e dores!
Asas esticadas,
Pés abertos,
Olhos em desespero!
A chuva a cair sobre as asas
Rasantes e agonia!
E sob as folhas ainda verde,
Um liquido branco,
É sangue pintado de paz!
Olha ai!
A falta que uma velha mangueira faz!