TECEDURA DO POEMA
TECEDURA DO POEMA
Acordo e vejo versos
que se formam na paisagem amanhecida,
envoltos pela alegria
silvestre das flores perfumadas.
Mesmo sonolento,
nao me nego a poesia, que me desperta
convencida de que estou
sempre receptivo a exercer o labor
da linguagem poética
inspirada. Cabe-me como poeta, então,
ver a poesia:
na abelha que colhe o néctar na flor;
no orvalho,
que já seca na planta exposta ao sol;
no vento, que ainda
fresco, não leva o morno calor
às sombras
das árvores frondosas a espera do sol.
Enquanto o poema
vai sendo tecido, pelos versos
que se formam
na paisagem alvorecida,
operárias formigas
transportam pequenas folhas
cortadas ao interior
do formigueiro; uma cobra, aquecendo-se
no sol, abocanha um lagarto,
traído pela própria vigilância distraída;
e um pássaro
escapa da gaiola do passarinheiro.
Na paisagem natural,
os versos agora, parecem sumir, por breve
instante, entre as nuvens
brancas; mas como as nuvens, tanto
se desmancham,
como se deslocam, eles logo reaparecem
sorridentes;
e me dizem alegres, que me trazem,
todos os dias,
das almas boas que moram nos céus,
novos e edificantes versos
que compõem cada poema que escrevo.
Escritor Adilson Fontoura