Nave, natividade

Eu estava na rede

De papo para o ar

E bem lá em cima

De onde vem o luar

Passava o avião

Roncava o danado

Como um beberrão

Amolava os anjos

Surtava os banjos

Que se faziam calar

Como zinha prenhe

Não há quem desdenhe

Cem crias no ventre

Carregava parentes

Que iam viajar

Só ele, solitário

Encheria um berçário

Quando fosse pousar

Lá em cima altivo

Ocupava o espaço

Do urubu, do céu nativo

Agora sem céu para singrar

A cegonha de aço

Do lápis, apenas um traço

De voar já tão farto

Buscava no chão um porto

Para despejar o seu parto

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 29/12/2018
Reeditado em 30/12/2018
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