LENÇÓIS, BAHIA, NEO-METRÓPOLES
Me sentei aqui, numa rua clara,
repleta de cadeiras velhas
e de gente que convive, mas
não se fala.
Eu sou Mozart, e o que eu vou
fazer com esta merda toda?
Um homem tenta vender
pequeninas esculturas
da mesma cidade onde estamos
e uma voz doce e enjoada
... canta coisas felizes
que não convencem ninguém.
As moscas tentam beber
do meu meu café
e eu sou Castro Alves
e a escravidão
... ainda existe.
Mulheres negras,
mau-humoradas e fortes
com tocas na cabeça,
uniformes de restaurante...
Servindo mesas,
com brancos, ou até mesmo
negros e morenos embranquecidos
pelas suas atitudes
O poema têm que acabar
e agora eu sou o Steve Jobs.
Tentando inventar um meio
algum dispositivo remoto
que faça essa música chata,
insuportável, parar de tocar.
Puta que pariu, que voz
mais chata, e eu também preciso
falar de AMOR, e das mulheres,
pois isso aqui é uma POESIA.
E as mulheres são gostosas...
gostosas, elas são, muuuuito
gostosas, ai, meu Deuzinho...
E agora eu queria inventar
um novo meio de fazer as pessoas
conversarem, lá de dentro
dos seus malditos quartos de hotel.
E que nunca mais saíssem
de seus quartos...
e que essa rua, essa rua,
fosse minha.