## DEPOIS DO SILÊNCIO ##
Eu, que tanto silêncio pedi
e tanto tempo perdi,
insana angústia de ter a mim
entre placas de concreto branco.
Agora me cobram, espremem,
cômodos se fecham, ar pesado.
Zumbido forte nos ouvidos
de quem se recusa a falar.
Falar é faca afiada, corta tripas e pele.
Descamo sem vontade de cama,
Intimação, não tenho respostas,
meus dedos estão também em riste.
É fato, estou triste.
Fiquei sem jeito diante de mim,
quantas incertezas em fala altiva.
Silêncio forte soprou barco à deriva.
(Taciana Valença)